Agora, imaginem: foram mais de quarenta dias de pura agonia e a cada hora, cada minuto que passava, a minha expectativa pelo brinquedo só aumentava. Até que finalmente o dia havia chegado, quando eu pensava que já não aguentaria mais de tanto esperar.
Desembrulhei o troço e fui com ele pra rua. Tomei um tombo... dois... três... e depois de uns trinta e cinco estabacos, peguei aquela porcaria e joguei no armário pra nunca mais usar. Fiquei completamente arrasado e meu pai completamente fora de si, deixando a marca dos seus dedos na minha nádega esquerda. Doeu muito e eu joguei o skate no lixo; troquei pelo patinete que estava na moda e era mais fácil de andar.
Depois disso, aprendi que criar expectativas demais causam tremendas decepções e comprovei essa ideia após ter lido sobre isso inúmeras vezes em jornais, revistas e sites da internet e ver que muitos outros tiveram seus 'skates' na vida.
Ronaldinho Gaúcho chegou, após uma novela que foi ao ar durante um ano. Tem aparecido nos jogos, vibrando, dando tchauzinhos e sorrisos e caiu nas graças da torcida sem sequer vestir o manto e mostrar seu já conhecido talento. Mas o que se passa na minha cabeça e em tantas outras cabeças de torcedores do Flamengo é a mesma coisa: como será sua estreia com a camisa rubro-negra? Será o skate luxuoso da nação? Entre os tombos e as manobras radicais, fica apenas a velha e maldita expectativa. Por favor, torcedores, NÃO a criem! Nem esperem que ele seja trocado por um patinete.
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